- Área: 393 m²
- Ano: 2012
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Fotografias:Sandro Lendler, Ivan Dorotić, Želimir Gržančić
Descrição enviada pela equipe de projeto. O interior da Riviera Opatija, na Croácia está cheia de moradias (construídas dentro de um século e meio). Seus lados dianteiros superiores revelam nada além de entradas através das quais nós somente podemos imaginar sua amplitude. A sua escala e relação com a baía são inteiramente dependentes da encosta à beira-mar (talvez, seja a tensão decorrente da suposição de algo escondido o que dá a moldura espacial do interior de Opatija e seu apelo).
Embora a casa permaneça tipologica e morfologicamente fiel ao seu espaço ao redor como um todo, ela desenvolve seu lado “oculto” através da dialética de dominação e subordinação ao longo da paisagem. Assim, a casa e o local que se cria não são estruturados unicamente pelo declive em que estão implantados (como é o caso da maioria das vivendas em Opatija). Em vez disso, constrói ativamente a paisagem e se entrelaça com ela pelo estabelecimento do nível do solo (paisagem) e colocando sobre ele um objeto superior que paira acima como um nível deslocado. Portanto, a casa é constituída por um abrigo entrincheirado de concreto (a área de dormir) sobre a qual uma estrutura espacial de grade em aço é colocada e que se alonga em uma consola de 17 metros de comprimento. Apesar de ter sido construída dentro de um reduzido registro de funções, com apenas dois elementos estruturais e com a sua divisão aparente entre área de dormir e área de estar, a casa cria uma experiência maravilhosa sempre mudando de experiências e espaços intermediários Isto é conseguido através de um simples deslocamento do segmento superior em relação ao inferior e inscrevendo-o ao fundo do terreno.
A parte superior deslocada e a sua consola hipertrófica expressa, alternando a sombra e o oculto com abertura e hospitalidade, a tensão por excelência de uma casa Mediterrânea: a batalha do sol e da sombra. A casa 'ninho e caverna' torna-se uma reinterpretação do seu patrimônio, conseguindo uma forma completa através da projeção do objeto (a sombra) e abrindo o vazio no corpo (paisagem). A consola deixa para trás uma sombra que (dependendo da hora do dia) dá volume para a área de estar ("o coração da casa", tal como o autor chama) e, alternando a intersecção dos eixos (tanto quanto o ângulo do sol permitir isso), ele muda constantemente, criando, assim, outra área íntima da casa. Através de sua fenestração de costas para a estrada e estruturas adjacentes e cuidadosamente enquadrando a paisagem que penetra e determina a profundidade ou nivelamento do interior, a forma branca dominante (a grade de aço coberta por alumínio) visualmente (e estaticamente) convida a Baía de Kvarner para entrar.
Idis Turato, o arquiteto, tendo de enfrentar uma paisagem dominante, tenta explicar a sua razão de ser por trás disso, nas palavras de Buckminster Fuller,: "(...) A questão principal é como controlar o espaço cercado, e posteriormente como desenvolver o controle seletivo de espaço cercado (...) "Como capturar simultaneamente amplitude, permitir intimidade enquanto continuamente ficando no limite na frente de vistas desobstruídas."
O objeto domina a paisagem, enquanto a paisagem cria a interioridade do objeto - um intercâmbio contínuo entre a moldura e o que está sendo enquadrado, a Casa na Borda. Sua geometria rigorosa e atributos esculturais (controle do arquiteto) fornecem a base necessária para uma narrativa futura (suas alternâncias, dependendo do ponto de vista). Também mantêm relações espaciais apenas com precisão suficiente para garantir a possibilidade de um acontecimento imprevisto (como a liberdade na linearidade de cômodos enfileirados)
A vista da residência e a vista a partir desta estão em um confronto constante de inclusão e exclusão. Sob o ninho e caverna de alguém somos capazes de observar a relação escultural entre a paisagem e a habitação (o outro lugar). Por outro lado, quando dentro dela, nos tornamos beneficiários de testemunhar a beleza subliminar possível pelos enquadramentos controlados da paisagem – eixos cuidadosamente planejados e ângulos que separam com sucesso os “recursos iniciais do produto final”. O controle sobre uma moldura espacial permite umas "apaixonantes incertezas de pensamento", independentemente se somos os observadores